Imprensa internacional aponta contradições de acusação a Lula
Jornais de todo o mundo destacam ausência de provas contra Lula e consequência política da acusação do MPF: tirar o ex-presidente das eleições de 2018
15/09/2016 -
As
acusações infundadas da Força Tarefa da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentadas em
espalhafatosa coletiva de imprensa nesta quarta-feira (14), ganharam destaque
em alguns dos principais jornais do mundo tanto pela gravidade das acusações quanto
pela ausência de provas que as sustentem.
A
imprensa internacional aponta ainda que a movimentação do Ministério
Público poucos dias após o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff tem consequências políticas graves:
impedir Lula de concorrer novamente à Presidência em 2018.
O
norte-americano New York Times registra que Lula é acusado de
ser “general” de um amplo esquema de corrupção,
mas as acusações contra ele são restritas a reformas em um apartamento que ele
nega ser seu. “A quantidade de dinheiro que Da Silva é acusado de ter recebido
empalidece perante as quantias que outros políticos são acusados de ter
embolsado nos últimos anos”, aponta o diário. O jornal diz ainda que Lula é
favorito para as eleições de 2018.
O
também norte-americano Chicago Tribune reproduziu texto da Associated Press que
também faz ressalvas em
relação ao contraste entre as graves e numerosas acusações verbais feitas
pelos promotores e a miudez das acusações formais: “O abismo entre
as acusações verbais e aquilo pelo que Silva foi denunciado de fato coloca
em dúvida o futuro dessa investigação”. O jornal consultou Cezar Britto,
ex-presidente da OAB. Para o advogado, “o palavreado duro dos promotores pode
indicar que eles não têm evidências sólidas. Parece que os promotores
preferem conquistar apoio da sociedade ao invés de buscar por mais
evidências”.
“Uma
verdadeira inquisição”, publica o francês
Le Monde, que entrevistou o sociólogo Mathias Alencastro. “Poucos
dias após o impeachment de Dilma, a acusação do promotor é um
assassinato político contra Lula e o PT”, conclui o jornal.
O
jornal Página 12, da Argentina, analisa a ação midiática do Ministério Público
por meio de artigos de Eric Nepomuceno e Emir Sader. “Para Dallagnol, um jovem
servidor com atração irresistível por declarações bombásticas, Lula era nada
menos que o ‘comandante máximo’ de um esquema de corrupção em seu governo.
Palavras contundentes em um discurso absolutamente politizado, ao qual faltou
apenas um ‘detalhe’: provas”, escreve
Nepomuceno.
“Ainda
que sem nenhuma prova de enriquecimento pessoal, sem nenhuma prova de que tenha
obtido vantagens graças ao cargo de presidente, mesmo tendo voltado a viver no
mesmo apartamento na periferia de São Paulo, mesmo com tudo isso, Lula tem de
ser acusado, processado, considerado culpado e condenado”, analisa Emir,
ressaltando o caráter político da operação contra Lula.
O
jornal La Jornada, do México, destacou na manchete principal
de sua capa desta quinta-feira (15) a incoerência da acusação contra Lula:
“Sem provas, acusam Lula de encabeçar esquema de corrupção”. “Tudo
indica que buscam inabilitá-lo para as eleições de 2018”, conclui.
O jornal
italiano La Reppublica ironiza a quantidade de acusações contra Lula:
de acordo com o diário, a depender das acusações do Ministério Público, “Lula é
o belzebu do Brasil”. O jornal, que registra que os promotores apenas
prometeram apresentar provas, aponta ainda as consequências políticas da ação
contra Lula.
“Após
o impeachment contra Dilma Rousseff e a chegada ao poder do líder do PMDB,
Lula segue sendo o político mais popular do Brasil e tem repetidamente dito que
pode ser o candidato de esquerda em 2018. Mas, se for condenado, não poderá fazê-lo”.
Por Diego Sartorato, da Agência PT de
Notícias

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